quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A FLORESTA DE CEDRO CAPITULO - 4



Capitulo 4



Kodiambo seguia firme na carroça. Não estava com medo. Não agora que tinha uma boa distância da fazenda. Sabia que o burro estava cansado, mais não podia parar. Não agora.
Lembrou-se quando decidiu fugir também...
... Quando Mongo foi até ele e lhe falou do plano de fuga, ficou com medo. Vira muitos amigos serem mortos por menos, e uma fuga era sempre castigada ou pelos ferros, pelos açoites e regularmente pela morte. Fugir era uma coisa que o sinhô não admitia. Isso era orientado desde o começo para todos. Tanto que em todos os outros engenhos à noite colocavam gargalheiras no pescoço ou algemas para os pés. E na fazenda quase não usavam as algemas nos tornozelos, que prendiam os pés e a cabeça.  Só usavam em casos graves. O trabalho era forçado à exaustão, às vezes ia até as 10 horas da noite.
Era certa liberdade controlada. Pela manhã faziam a contagem de escravos e enfileiravam todos com o bater do sino. O Senhor da fazenda deixava claro que eles não passavam de propriedade, e propriedade não tinha direito. Fazia isso pra evitar fugas. Mas nem sempre isso ocorria. De tempos em tempos um ou dois fugiam, eram facilmente capturados, pois não conheciam os arredores e nem tinham experiências disso. Geralmente isso ocorria com os escravos que chegavam recentemente na fazenda. Não conseguiam ir muito longe, o mais tardar um dia, e os capitães do mato os traziam com argolas de ferro no pescoço, e com as pernas marcadas pelos dentes dos cães. O preço para aqueles que fossem recapturados era muito alto. A morte era comum. Se tivessem sorte, recebiam até 50 chibatadas. E depois ficavam presos nos troncos pelos pés e pelas mãos.

Kodiambo resolveu parar perto de uma grande árvore pra descansar o burro, afinal fazia mais de três horas que estava puxando uma carroça com ele em cima, sem contar das horas em que estivera com os outros amigos que deixara para trás. Ele desatrelou a carroça e a empurrou para mata. Assim mais leve o burro poderia ir mais longe e descansar mais. Ele abriu a sacola e pegou uma rapadura e começou a comer, encostou-se a árvore para descansar uns minutos.
Kodiambo ficou muito tempo descansando, e o tempo que ganhou perdeu grande parte ali. Ele deu um salto limpando os olhos, tinha cochilado demais. Seu corpo estava dolorido, não dormira a noite toda, e além do mais, o trabalho tinha sido estafante. Pegou um pouco de água da botija e passou nos olhos pra ficar desperto. Viu o burro um pouco a frente de onde o tinha deixado. Improvisou uma cela. Depois amarrou a sacola com os pertences que a Faizah lhe dera, e subiu num salto, com dois toques no lombo, e o burro começou a trotar devagar.
Depois de alguns minutos, Kodiambo viu que mais a frente a estrada fazia uma bifurcação. Uma estrada seguia para o lado esquerdo e a outra pelo lado direito.  Ele parou o burro e ficou pensando em que caminho seguir. Não conhecia aquele lugar, nunca tinha ido tão longe da fazenda. Ele resolveu seguir em direção reta bateu de leve no burro e voltou a seguir a estrada em frente. Não demorou 20 minutos e uma árvore estava atravessada na estrada. Kodiambo viu a tempo e puxou as rédeas. Ainda bem que estava clareando, se fosse noite alta com certeza seria um terrível problema.
“Miserável! Escolhi a estrada errada.” – Pensou.
Resolveu descer e desobstruir a estrada. O trabalho foi fácil, a árvore não era grande, e por estar seca, não estava pesada. Quando estava colocando ela de lado...
Escutou um tropel de vários cavalos distante, trazidos pelo vento.
-- Serão eles? Deve ser. – Ele mesmo respondeu. -- Alguém deve ter nos ouvido. Bem agora está feito. Tenho que sair daqui o mais rápido possível. Com certeza devem estar atrás da gente. Como chegaram tão rápido?
Eram muitas perguntas e nenhuma resposta.
Subiu no burro voltou pra estrada. O seu coração estava batendo descompassado. Pegou uma garrafa e bebeu um gole de água.
-- Eia!! Eia!! – Bradou alto. – Vamos logo seu preguiçoso.

                                                                            ***

No engenho logo depois que saíram, Leabua os vira, mais voltara pra esteira e deitou-se. Minutos depois estava em um sono profundo o cansaço o vencera. Quando despertou, faltavam ainda algumas horas para tocar o sino. Leabua ficou em pé esbaforido. Já era pra ter acordado fazia algum tempo, porque tinha o que fazer. Muitas coisas poderiam mudar a sua vida, a partir daquela informação.
-- Até nisso eles têm sorte! Inferno!
Ele olhou para os outros companheiros, e todos ainda estavam dormindo. Era bom que ninguém acordasse e o visse sair.
Leabua passou as mãos no rosto, abriu a porta devagar e viu que não tinha nenhum vigia por perto. Em passos largos seguiu até a casa do feitor. Ficou com medo de acordar o Sinhô, e ele descarregasse toda sua fúria nele por causa dos fugitivos. Bateu na porta da casa dos empregados e quem saiu foi o Severino sem camisa.
-- O que você quer? Aborrecendo-me a essas horas? – perguntou reconhecendo Kodiambo e esfregando os olhos.
-- Quem tá aí Severino? Se for um negro lhe dê uma chibatada e tire sua pele... Eu me responsabilizo. – Gritou o Feitor mal humorado por ter sido acordado. – Que droga!
-- Escutou? – Perguntou Severino para Leabua. – Apontando para dentro de casa.
-- Eu quero falar com o Feitor. – Insistiu, esfregando as mãos nervoso.
Severino ficou um minuto em silêncio. Depois falou alto para o Amarildo ouvir.
-- Ele que falar com o senhor. – Falou alto.
-- O que ele quer? Cadê o Tonho?
-- Ele disse que é só com o senhor... Que é importante.
-- Se esse miserável vier me importunar sem motivo, eu mato ele.
Amaro levantou-se aborrecido de sua *tarimba.
Quando Amaro ficou na sua frente, ele falou rápido para que o Feitor lhe prestasse atenção.
-- Quatros negros fugiram.
-- O quê!? – exclamou despertando de uma vez e esfregando os olhos.
Quando ele disse isso o Feitor arregalou os olhos. Sabia que isso era sempre problema. Fazia alguns meses que não ocorriam fugas. A última vez que aconteceu uma fuga, ele mesmo abatera o negro com um tiro no peito, quando o capitão do mato o trouxe. A mando do Sinhô que lhe ordenara.
Perder uma mercadoria morta o senhor não ligava, tinha muito dinheiro e poderia comprar outros.
Severino entrou rápido, e foi acordar o Tonho.
-- É sim meu sinhô.
-- Quantos fugiram? Que você disse?
-- Quatro. – Mostrou nos dedos.

Nota:
* (Tarimba: cama dura e desconfortável de varas).
-- O que você está me contando... Tem certeza disso? – Tornou a perguntar o feitor passando as mãos nos cabelos desgrenhados. Fazia muitos anos... Aliás, ele nem se lembrava da última vez em que fugiram quatros escravos.
-- Você os viu fugir?
-- Sim.
-- Isso vai virar um inferno. – Falou Amarildo, todos o chamavam de Amaro.
O Severino voltou para onde estava o escravo.
-- Acordou o Tonho?
-- Acordei sim. Está vindo.
Ele voltou a olhar o Leabua e perguntou. Não estava acreditando naquela história. Um fugir, ou dois até aceitava. Mas quatro de uma vez... Difícil de acreditar.
-- E você viu quem eram?
Perguntou Amaro para Leabua.
Tonho chegou no instante em que ela dizia os nomes dos fugitivos.
-- Sim vi. Mongo, Faizah, Aze...
Nem terminou de falar e Tonho correu no tronco do pelourinho.
O Feitor olhou para o pelourinho e realmente ele não estava ali amarrado como tinha deixado.
-- Não está lá Amaro. – Tonho disse voltando-se para perto deles.
-- Quem você disse?
-- Azekel, Faizah, Kodiambo e o Mongo. E...
-- Faz tempo que eles fugiram? – Tonho perguntou trincando os dentes de raiva.
-- Não. – Mentiu ele.  Se dissesse a verdade que tinha dormido, tinha certeza de que iria pegar as sobras.
-- Severino, chame os capitães do mato. Depressa! Eu e o Amaro estamos na casa grande. Quero todos os escravos enfileirados no pátio agora! – Ordenou O feitor.
-- Está certo farei isso agora. Vou bater o sino. – Respondeu Severino. – Some da minha frente. O que está esperando! – gritou para o Severino.
O sino quando tocava era para todos os escravos se levantarem, e irem ao pátio tomar uma sopa rala e depois com as enxadas, se dirigirem ao setor de limpeza ao engenho de cana ou ao milharal. Que chamavam de eito.
-- E você. – Apontou o Leabua. -- Venha comigo, – ordenou Amaro.
O Tonho colocou uma camisa e saiu apressado em passos largos na direção da casa grande junto com o Amaro. Não queria perder tempo. Ele não sabia o que tinham levado ou há quanto tempo fugiram. Mas se começasse a persegui-los com cavalos descansados, tinha absoluta certeza de que antes de clarear conseguiriam pegá-los o mais rápido possível. Fora sempre assim. E agora não seria diferente.
-- Quatro, é impossível não caírem em nossas mãos!
-- Vamos pegar todos, Tonho. Escravos desgraçados!
-- O coronel vai ficar brabo – disse Tonho.
-- Uma fera. Isso sim.
Quando os dois feitores e Leabua chegaram à escada do casarão, Tonho abriu a porta e chamou o Sinhô. Que não demorou muito e estava já descendo as escadas que levavam ao pavimento da parte de cima.
-- O que foi? Diabos! Isso é hora pra vocês me acordarem? – Ele estava contrariado, e quando ficava assim todos procuravam ficar o mais distante possível do Coronel Almeida de Alcântara. – Seus idiotas! E o que esse miserável está fazendo aqui dentro de minha casa? – Perguntou quando viu o Leabua. Com um chapéu tosco nas mãos.
-- Coronel. Fuga de escravos. – Disse rapidamente.
-- Fuga? Quem? Quantos?
-- Quatro negros. O Mongo, a Faizah, o Azekel e o Kodiambo.
-- O quê! Como? – O coronel estava possesso, colocando a camisa dentro das calças. – Não acredito nisso. Como vocês deixaram? Bando de inúteis.
-- Conte como foi, Leabua. – Falou Amaro, olhando para o escravo tremendo de medo.
Leabua se encheu da pouca coragem que ainda restava e contou tudo o que vira, só omitindo o tempo em que saíram e que voltara a pegar no sono.
-- Você sabe em que direção foram? – perguntou o coronel para Leabua.
-- Não Sinhô.
Ele balançou a cabeça contrariado.
-- Acorde toda negrada. Vamos fazer a contagem...
-- Já mandei o Severino fazer isso.
-- Eu escutei o sino... Esperem lá fora. Saio já. E mande selar os cavalos. Vou nessa caça.  Pegue espingardas para todos. Já avisaram os capitães do mato?
-- Sim coronel.
Quando saíram para o pátio, Tonho respirou aliviado.
Leabua ficou tranquilo quando ficou na parte de fora da casa. Não se sentia bem ali dentro. Cheirava a morte. Ele respirou fundo.
Quando Amaro e o Tonho saíram na varanda, viram os escravos todos perfilados, um a um encostado perto do outro. As mulheres estavam do outro lado, algumas delas com seus filhos nos braços, ou segurando suas saias. E na frente dos escravos quinze empregados livres e três capitães do mato. Minuto depois o Coronel apareceu no alpendre da casa. Estava com a sua espingarda de dois tiros e em uma mão, e na outra o seu inseparável chicote. Ele não disse nada, indo direto para onde estavam os escravos.
-- Todos os desgraçados estão ai? – perguntou aos gritos.
-- Não Coronel, – respondeu Tonho chegando mais perto com o seu cavalo. – Faltam os quatro escravos. E um dos vigias também não foi encontrado.
-- Bando de desgraçados ingratos! Vou matar três por cada um que fugiu, se eu não souber pra onde foram. – Ele pegou o chicote e deu uma chicotada num escravo que estava mais perto dele. Quando o chicote acertou seu peito, rasgou a sua camisa deixando no lugar um vergão de sangue.
O escravo gritou de dor e dobrou-se em dois.
-- Coronel, quem está faltando é o Silva. – Disse um dos empregados.
-- Será que ele foi junto com eles? – perguntou desconfiado, tirando-lhe a atenção ao castigo que começava a dar no escravo.
-- Não sinhô. Ele é de confiança. – Atalhou Amaro.
O coronel olhou para o Tonho e perguntou:
-- Foram aqueles mesmos que fugiram?
--Sim senhor. O Azekel, Faizah, Mongo e Kodiambo. Só esses.
-- Só esses... -- ele repetiu. –... Faizah. Até ela. Escrava ingrata miserável.
-- E eles. O que fazemos coronel? – perguntou Tonho apontando para os escravos perfilados.
-- Levem todos esses cães pra senzala e coloquem algemas nos pés.  Quero que todos os homens fiquem acorrentados, um preso no outro. E vocês, procurem alguma pegada daqueles miseráveis que fugiram. Devem ter deixado alguma pista. Só tem dois caminhos, ou para a cidade ou para o meio da floresta. Sigam três em cada direção. Se descobrirem alguma coisa voltem aqui rápido.
O escravo que recebera a chicotada ficou em pé, com outros escravos ajudando-o.
Menos de dez minutos todos voltaram juntos.
-- Coronel, sabemos por onde eles foram. – Disse Tonho, o feitor e o encarregado dos capitães do mato. Uma espingarda estava em suas mãos, e uma cartucheira carregada de balas atravessava o seu peito, um facão pendia de sua cintura.
-- Então vamos logo. O que estão esperando? Não devem estar longe.
-- Coronel... Eles fugiram com... – tentou dizer o Severino.
O Coronel virou-se para ele enfurecido.
-- Fala, idiota. Eles fugiram com o quê?
-- Eles estão com uma carroça. – disse Severino.
-- Uma carroça! Como conseguiram roubar uma carroça, e vocês não ouviram nada?
O coronel Almeida estava vermelho de raiva.
-- A chuva senhor. Muito forte na hora.
Tonho respondeu sem convicção.
-- Não me interessa a chuva. Como puderam deixar um bando de boçais roubar uma carroça? E ninguém viu ou ouviu alguma coisa? Onde estavam os vigias, dormindo? – O coronel estava transformado de ódio. -- Quando voltarmos muita coisa vai mudar aqui. Eu não serei mais um anjo, vou ser um carrasco pra todos vocês. Bando de imprestáveis. Estou cercado de incompetentes.
Ele subiu na sela do seu cavalo em um pulo, e seguiu por onde um capitão do mato indicara.  Já estava tomando a dianteira do grupo.
-- Coronel, e eles vão pra roça hoje? – Perguntou Severino.
-- Não. Quero todos acorrentados na senzala. Vai continuar chovendo. E nada de comida e nada de água até eu voltar. Só para as mulheres pode dar o rango. E para esse aí – Apontou pra Leabua. -- Pode dobrar a ração pra ele. Quando eu voltar converso com você. Disse para Leabua.
Nem esperou Severino falar alguma coisa e saiu a galope.
Faltavam algumas horas pra clarear, e eles poderiam ter tomado uma grande dianteira, mas com uma carroça e um burro cansado, com certeza não estariam longe.
Vinte minutos depois o coronel disse:
-- Parem! Tonho, Amaro... Vejam se os rastros estão indo mesmo nessa direção.
Os dois desceram dos cavalos e verificaram a estrada lamacenta por alguns metros, Tonho gritou:
-- Continuam sim coronel. Tenho certeza disso.
-- Então, eles vão cair no engenho do compadre Aguiar. Eu conheço um atalho. Vamos cortar caminho e se tiverem continuado a gente vai sair na frente deles, ou nas piores das hipóteses os pegaremos antes da bifurcação.
Galoparam mais um kilômetro e viraram à esquerda. O começo da estrada tinha muito mato, foi por essa razão que Kodiambo não a vira quando passou algumas horas atrás. Com esse atalho ganhariam muito tempo. O coronel bateu com as esporas na barriga do alazão, e ele deu um salto para frente, galopando em disparada e os seus empregados fazendo o possível para seguirem o seu cavalo.
Meia hora depois avistaram a estrada em que estavam.
-- Vamos mais devagar, daremos um descanso para os cavalos. Já estamos bem adiantados. – Falou o coronel, que seguia á frente do grupo de 15 homens.
-- Sinhô, é para atirar pra matar? – perguntou Tonho.
-- Não. O prejuízo é grande. Mas podem atirar nas pernas ou nos braços.  Quero todos vivos. Vão aprender uma lição como nunca aprenderam! – Gritou o Coronel Almeida Gonçalves Almeria de Alcântara. Ele estava possesso de raiva.
-- Coronel, acho que vi alguma coisa ali na frente!  Parece que tem alguém... -- Gritou um Capitão do mato.
-- Onde? Não estou vendo nada, -- disse o Amaro.
-- Ali. Eu também vi. – respondeu Tonho animado.
-- Nós os pegamos! – Falou o coronel satisfeito com a descoberta.
Quando chegou mais próximo, era a carroça, que refletia no meio do mato.
Todos desceram pra ver.
-- Mas que miseráveis... Por que fizeram isso? – perguntou Tonho para o Amaro.
-- Assim fica mais fácil, o burro fica mais descansado. – Respondeu o coronel. – Estão mais espertos do que eu imaginava. Vamos adiante. Está pra cair um temporal, e não quero perder os rastros desses miseráveis. Tenho certeza de que tudo isso é ideia daquela escrava.
Todos voltaram a montar e continuaram a caçada.

Kodiambo olhou para trás do burro, e já podia divisar a silhueta dos cavalos na sua perseguição.
-- Infernos! Estão cada vez mais perto. Se me pegarem estarei perdido.
Ele bateu nas ancas do burro com os tornozelos. Parecia que não estava adiantando. Cada vez que olhava para trás estavam mais perto. Em menos de 20 minutos estariam ao seu lado. – Não me pegarão com vida. Me matarei antes, – disse em voz alta.
Quando os cavalos do coronel estavam a quase um kilômetro, Kodiambo desceu do burro e se embrenhou na mata, correndo desvairado. Por causa da escuridão, tropeçou em um tronco e escorregou barranco a baixo, caindo cada vez mais na mata com lama e folhas. Parou quando bateu a cabeça em uma pedra, ficando desacordado.

Na parte de cima, na estrada, o coronel e seus empregados alcançaram o burro, viram ao longe quando Kodiambo entrou na mata.
-- Esse não escapa mais Sinhô. Ele é da gente.
-- O peguem com vida! Parece que eu só vi um. Faremos ele contar onde estão seus amigos. Alfredo, pegue o burro e veja se encontra alguma coisa.
Alfredo era um dos empregados que servia, às vezes, de segurança. Ele voltou com o burro pelo cabresto.
-- O que tem dentro desse saco? – perguntou o coronel.
 O capitão do mato derramou tudo no chão molhado. Uma panela com farinha se espalhou pelo chão.
-- Desgraçados boçais. Olha só. Até entraram na minha dispensa. Vou matar todos de pancadas. Quero todos vivos. Esses merecem ficar no pau de arara. Vou passar melado neles pras formigas. Vão! Vão atrás dele! Não deve estar longe. Quem o pegar primeiro dou lhes 200 mil réis de recompensa.
Nem bem o coronel tinha terminado de falar, e todos correram para dentro da mata de espingarda em punho.
-- Pena que não trouxemos os cachorros, seria até mais fácil pegar os negros. – Falou Waldo, que era um dos capitães do mato mais experientes do grupo de caçadores.
-- Mas os pegaremos hoje. Com toda certeza.

 Falou o coronel Almeida.

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