Embora, durante a vida, o Espírito seja fixado ao corpo pelo
perispírito, não é tão escravo, que não possa alongar sua corrente e se
transportar ao longe, seja sobre a terra, seja sobre qualquer outro ponto do
espaço. (Allan Kardec, A Gênese, Cap. XIV, It 23).
Gabriel Delanne, em “O Espiritismo perante a Ciência”,
conclui: A melhor prova de existência do perispírito é mostrar que o homem pode
desdobrar-se em certas circunstâncias.
Chama-se emancipação da alma, o desprendimento do Espírito
encarnado, possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico. No
estado de emancipação da alma, o Espírito se desloca do corpo físico, os laços
que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o corpo perispiritual
age com mais liberdade.
É também o nome que se dá o fenômeno de exteriorização do
corpo espiritual ou perispírito.
O perispírito ainda ligado ao corpo, distancia-se do mesmo,
fazendo agora parte do mundo espiritual, ainda que esteja ligado ao corpo por
fios fluídicos. Fenômenos estes, naturais que repousam sobre as propriedades do
perispírito, sua capacidade de exteriorizar-se, irradiar-se, sobre suas
propriedades depois da morte que se aplicam ao perispírito dos vivos
(encarnados).
Os laços que unem o perispírito ao corpo temporal,
afrouxam-se por assim dizer, facultando ao espírito manter-se em relativa
distancia, porém, não desligado de seu corpo. E esta ligação, permite ao
espírito tomar conhecimento do que se passa com o seu corpo e retornar
instantaneamente se algo acontecer. O corpo por sua vez, fica com suas funções
reduzidas, pois dele foram distanciados os fluidos perispirituais, permanecendo
somente o necessário para sua manutenção. Este estado em que fica o corpo no
momento do desdobramento, também depende do grau de desdobramento que aconteça.
Os desdobramentos podem ser:
a) conscientes: Este, caracteriza-se pela lembrança exata do
ocorrido, quando ao retornar ao corpo o ser recorda-se dos fatos e atividades
por ele desempenhadas no ato do desdobramento. O sujeito é capaz de ver o seu
“Duplo”, bem próximo, ou seja, de ver a ele mesmo no momento exato em que se
inicia o desdobramento. Facilmente nestes casos, sente-se levantando geralmente
a cabeça primeiramente e o restante do corpo, depois. Alguns flutuam e vêem o
corpo carnal abaixo deitado, outros veem-se ao lado dos corpos, todavia esta
recordação é bastante profunda e a consciência e altamente límpida neste
instante. Existe uma ligação ainda profunda dos fluidos perispirituais entre o
corpo e o perispírito, facilitando assim, as recordações pós-desdobramento.
b) inconscientes: Ao retornar o ser de nada recorda-se.
Temos que nos lembrar que na maioria das vezes a atividade que desempenha o ser
no momento desdobrado, fica como experiências para o próprio ser como espírito,
sendo lembrado em alguns momentos para o despertar de algumas dificuldades e
vêem como intuições, idéias.
Os fluidos perispirituais são neste caso bem mais tênues e a
dificuldade de recordação imediata fica um pouco mais árdua, todavia as
informações e as experiências ficam armazenadas na memória perispiritual, vindo
a tona futuramente.
Em realidade a palavra inconsciente, é colocada por
deficiência de linguagem, pois, inconsciência não existe, tendo em vista o
despertar do espírito, levando consigo todas as experiências efetivadas pelo
mesmo, então colocamos a palavra inconsciente aqui, é somente para atestarmos a
temporária inconsciência do ser enquanto encarnado.
c) voluntários: Se a própria pessoa promove este
distanciamento. Analisemos algo bastante singular, nem todos os desdobramentos
voluntários há consciência, pois como dissemos acima poderão haver algumas
lembranças do ocorrido, existem ainda muitas dificuldades, no momento em que o
espírito através de seu perispírito aproxima-se novamente de seu corpo, pela
densidade ainda dos órgãos cerebrais é possível haver bloqueio dessas
experiências. É necessário salientar que o ser encarnado na terra, ainda se
encontra distante de controlar todos os seus potenciais, e por isso também há
este esquecimento. Haja vista, algumas pessoas até provocarem o desdobramento e
no momento de consciência terem medo e retornarem ao corpo apressadamente,
dificultando ainda mais a recordação.
Os desdobramentos podem também ocorrer nos momentos de
reflexões, onde nos encontramos analisando profundamente nossos atos e cuja
atividade nos propicia encontrar com seres que nos querem orientar para o bem,
parte de nosso perispírito expande-se e vai captar as experiências e
orientações devidas.
d) provocados: Através de processos hipnóticos e magnéticos,
agentes desencarnados ou até mesmo encarnados podem propiciar o desdobramento
do ser encarnado. Os bons Espíritos podem provocar o desdobramento ou
auxiliá-los sempre com finalidades superiores. Mas espíritos obsessores também
podem provocá-los para produzir efeitos malefícios. Afinizando-se com as
deficiências morais dos desencarnados, propiciamos assim, uma maior facilidade
para que os espíritos malfeitores possam provocar o desligamento do corpo
físico atraindo o ser encarnado para suas experiências fora do corpo. A lei que
exerce esta dependência é a de afinidade.
e) emancipação Letárgica: Decorre da emancipação parcial do
espírito, podendo ser causada por fatores físicos ou espirituais. Neste caso o
corpo perde temporariamente a sensibilidade e o movimento, a pessoa nada sente,
pois os fluidos perispiríticos estão muito tênues em relação a ligação com o
corpo. O ser não vê o mundo exterior com os olhos físicos, torna-se por alguns
instantes incapaz da vida consciente. Apesar da vitalidade do corpo continuar
executando-se.
Há flacidez geral dos membros. Se suspendermos um braço, ele
ao ser solto cairá.
e) emancipação Cataléptica: Como acima, também resulta da
emancipação parcial do espírito. Nela, existe a perda momentânea da
sensibilidade, como na letargia, todavia existe uma rigidez dos membros. A
inteligência pode se manifestar nestes casos. Difere da letárgica, por não
envolver o corpo todo, podendo ser localizado numa parte do corpo, onde for
menor o envolvimento dos fluidos perispirituais.
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